Estudante do 3° período de Direito, Sara não se intimidou com doença degenerativa e fez da natação uma razão de vida
Se tudo parece difícil, a solução pode ser simplesmente se movimentar! Essa foi a conclusão da estudante de Direito do UniFACTHUS, Sara Souza, que irá representar a instituição de ensino nas Paralimpíadas Universitárias 2023, que se iniciam no próximo mês de maio. Diagnosticada com Retinose Pigmentar, a jovem não se deixou paralisar pela doença, e descobriu na natação um refúgio e avanço na qualidade de vida.
“Quando entrei na água eu chorei, senti liberdade de movimento”, revela a estudante. A experiência veio após muito sofrimento sobre sua condição de saúde. Considerada uma doença rara, a Retinose Pigmentar é um distúrbio genético e degenerativo em que a retina ocular encontra-se danificada. Evoluindo de forma progressiva, ela faz com que o paciente possa ter deficiência visual grave. No caso de Sara, os sinais começaram quando ela começou a trombar em objetos e se machucar, e procurou ajuda. “A princípio todos imaginavam que seria algo neurológico”, explica. O diagnóstico chegou quando se consultou com um novo oftalmologista.
“Uma doença rara, sem cura, sem tratamento. Eu não poderia fazer nada, apenas esperar ela evoluir”. Mas a boa notícia é que a atleta não se deixou abalar! Após perder o emprego e se ver em uma situação de vulnerabilidade, ela pesquisou bastante sobre sua condição, e percebeu que o melhor que poderia fazer era buscar por qualidade de vida. Nesse sentido, ela acionou um amigo para que buscasse no esporte o refúgio que precisava. “Se eu tivesse uma vida saudável, as chances de minha doença evoluir devagar seriam mais fáceis. Nesse momento entrou o esporte. Tinham pessoas do lado de fora me dizendo que estavam orgulhosas de mim. Então o esporte foi uma grande ferramenta na minha vida”, revela Sara.
A partir desse momento, Sara se tornou uma atleta. Além dos títulos, a estudante desenvolveu a confiança, restaurou sua saúde, se disciplinou e conheceu muitas pessoas. Mesmo perdendo a visão, ela se fortaleceu e percebeu que poderia também estudar, buscando no Direito os instrumentos para seguir com sua luta pela inclusão.
Direito Assistencial
Quando entrou no Direito, Sara se voltou a entender como em sua futura profissão, poderia auxiliar outras pessoas com deficiência a conseguirem seus direitos e serem socialmente incluídos. “ Cerca de 24% da população Brasileira têm algum tipo de deficiência física. São 48 milhões de pessoas. Onde andamos, viajamos, nas nossas casas, não há lugar preparado para receber e garantir nossos direitos”, argumenta. Por isso, Sara diz que está completamente voltada ao Direito Assistencial.
Um conceito muitas vezes desconhecido por quem não atua na área jurídica, o Direito Assistencial se baseia no dever constitucional do Estado prever as necessidades das pessoas com deficiência. Atuando de forma preventiva e também fiscalizadora, esse nicho do Direito se manifesta por ações cotas, vagas PCD, assistência financeira e médica, e medidas de acessibilidade. “O Direito muda quando provocamos ele, então através dessas reflexão novos projetos de leis podem surgir, ou podemos dar seguimento àqueles que ficam parados por anos”.
Além do foco no público das pessoas com deficiência, e a vontade em trazê-los para a inclusão, Sara também insiste que o Direito Assistencial não é uma pauta somente de um setor da sociedade, mas de todos. “Podemos nascer com uma deficiência, mas também adquiri-la ao longo da nossa vida. Ainda assim, quem chega à terceira idade também pode se tornar PCD, e vai precisar de toda estrutura. Então, lutar por acessibilidade não é só para um público, mas para todos nós”, reitera.
De olho nas Paralimpíadas Universitárias
Ansiosa para representar o UniFACTHUS, instituição de ensino da qual é bolsista integral, que ela frisa ter sido muito bem acolhida, Sara está treinando diariamente. Saindo de Uberaba no dia próximo dia 22 de maio, a atleta irá competir na cidade de São Paulo, nas provas de 50, 100 e 400 metros livres. Para ela, a inclusão social e as oportunidades são os maiores benefícios do evento.
“As equipes multidisciplinares e de assistência médica são muito profissionais”, revela. Com foco na evolução, Sara diz que o evento é sempre uma superação, já que, mesmo se não for bem, o atleta retorna aos treinos e se sai melhor nas próximas provas.
“A parte social é sobre estar com outras pessoas que também vivem o mesmo. Não é uma forma de segregação, mas de aprendermos, trocarmos experiências! Já sobre as oportunidades, a competição é oficial, tem premiação, bolsa atleta e classificação para outros campeonatos. É estimulante”.
Com tanta força, nos resta agora torcer para que Sara retorne com a vitória, e traga esse prêmio de muito orgulho para o UniFACTHUS. Se levarmos em conta o fator determinação, sabemos que ela irá se sair muito bem!
(Texto: Bruno Corrêa/ Revisão: Maria Carolina Santana – Assessoria de Comunicação do Ecossistema Brasília Educacional)