Além de gerar forte incômodo psíquico, esgotamento mental prejudica rendimento nos estudos
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É início de semestre, e é natural que muitos queiram aproveitar o reflexo do breve descanso das férias para iniciar com o máximo de desempenho. No entanto, é sempre importante ficar olho na maneira e intensidade em que se dedica aos livros, já que uma rotina fora dos eixos pode provocar uma exaustão nos estudos, algo já conhecido como burnout acadêmico.
Com sintomas muito próximos da tradicional síndrome de burnout já popularmente difundida no ambiente de trabalho, o burnout acadêmico, um termo que já tem sido adotado por muitos especialistas, tem por características uma forte exaustão e outros incômodos mentais e físicos relacionados aos excessos na rotina de estudos.
Virar madrugadas para estudar para determinada prova ou apresentação, ter um sentimento muito forte de perfeccionismo e fracasso sobre as atividades entregues, desgastar as relações pessoas em meio ao trabalho acadêmico, não saber reconhecer seus próprios limites e sentir que professores e orientadores influenciem excessivamente o humor são sinais de alerta para o burnout acadêmico.
Os sintomas do burnout acadêmico são muito similares ao processo de exaustão laboral, em que a pessoa sente uma exaustão profunda, e perde temporariamente a capacidade de rendimento, com a concentração e a questão cognitivas afetas. É comum que o estudante não se sinta disposto mesmo após longos períodos de descanso. Além disso, sintomas como ansiedade e depressão podem aparecer com forte intensidade.
Quando isso acontece, fica óbvio que a capacidade de aprendizagem e rendimento desse estudante está afetada. Além disso, é fundamental saber procurar ajuda, que pode ser obtida por meio de profissionais de saúde mental, sejam psicólogos ou psiquiatras, e é comum que o tratamento envolva uma combinação de medicamentos e psicoterapia. O apoio de família e amigos também é fundamental, e as vezes o afastamento temporário do ambiente acadêmico pode ser indicado.
Mas não é de agora que o burnout acadêmico chama atenção de pesquisadores. Em uma pesquisa de 2019 divulgada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), 83,5% dos estudantes disseram ter problemas emocionais. Uma outra pesquisa da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com cerca de 509 alunos da graduação apuro de 78,6% passa por algum tipo de transtorno mental.
A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da UniBRAS Rio Verde, Simone Pereira, alerta que essa exaustão pode levar a um conjunto de situações como esgotamento mental, bloqueio de aprendizagem, baixa-autoestima, desmotivação e frustração. Para ela, é indispensável que a saúde física esteja em dia para evitar o burnout acadêmico.
“Primeiro é bom fazer uma bateria de exames médicos, pois a carência de algumas vitaminas pode alterar nosso desempenho cognitivo, e algumas até podem ter sintomas semelhantes a depressão. Depois obrigatoriamente uma atividade física, e optar por uma alimentação leve, saudável, sem uso de cafeína, taurina ou qualquer outro estimulante”, recomenda. A especialista também aponta como essencial que se estabeleça um horário para os estudos, com pausas breves para descanso.
Com objetivo de prevenir o distúrbio e estimular o bom rendimento educacional, deixamos abaixo 5 medidas simples para evitar o burnout acadêmico.
- Tenha uma rotina de estudos estruturada
Se estudar de forma irregular e excessiva pode promover o esgotamento intelectual, nada melhor que organizar uma rotina diária com um horário devido para se dedicar aos livros. Essa rotina deve levar em conta diversos fatores como questões pessoais, perfil do estudante, rotina familiar, se pratica alguma outra atividade enquanto estuda, como trabalho, por exemplo.
Os limites dessa rotina também devem ser pensados individualmente, assim como os horários para se estudar. Ter uma rotina organizada também é uma excelente maneira de perceber quando os limites estão sendo ultrapassados, atenção essencial para se evitar o burnout acadêmico.
- Não subestime suas horas de sono
Quando se fala em manter uma rotina saudável de estudos, o sono é indispensável. Isso porque sem as horas mínimas de descanso, a atividade do cérebro fica comprometida, e sua capacidade cognitiva é diretamente afetada.
Embora seja variável para cada pessoas, o ideal é adultos tenham no mínimo 7 horas de sono estável por dia, de preferência em período noturno. Também é importante promover uma higiene do sono, evitando aparelhos celulares antes de se deitar, e dormir e acordar nos mesmos horários.
- Valorize seu período de descanso
Falando parece legal, mas estudar todos os dias podem não ser a melhor receita. Isso porque é importante tirar ao menos um dia na semana para o descanso. Esse hábito pode ser um diferencial do cuidado contra o burnout acadêmico, já que descansar é importante para manter o cérebro saudável.
Também é importante ter descansos no meio do período de estudos. Isso porque as pausas podem recarregar as habilidades cognitivas, fundamental para um bom rendimento.
- Cuide da alimentação
Ter os nutrientes necessários para um bom funcionamento do corpo é parte importante da jornada de estudos. Isso porque uma dieta saudável tem influência direta no desempenho cognitivo.
De antemão, a principal recomendação é fugir dos ultraprocessados. Além disso, é importante evitar energéticos, e optar por outras bebidas sem aditivos, como café e chás – em quantidades corretas.
Também é importante de alimentar ômega-3, evitar alimentos ultra gordurosos e com excesso de açúcar. Por último, é importante se manter sempre hidratado.
- Esteja atento à saúde mental
É inevitável que uma saúde mental negligenciada tenha poder de afetar diretamente o desempenho acadêmico. Além disso, não enxergar seus próprios limites e não conseguir ter uma visão mais clara de seus sentimentos também colabora para que não se enxergue os sintomas com a urgência que eles necessitam.
Por isso, é sempre relevante estar atento aos sinais, e se sentir necessário, buscar um profissional de saúde mental.
(Texto: Bruno Corrêa – Assessoria de Comunicação Ecossistema Bras Educacional)