Dezembro Vermelho: 5 produções que abordam o HIV para refletir

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Reportado inicialmente em 1981, o vírus causador da AIDS revirou as sociedades e seus costumes e crenças 

É fato que, desde a sua aparição, até os dias de hoje, pessoas que vivem com HIV tiveram uma grande mudança de prognóstico e avanços na qualidade de vida. Hoje a detecção – principalmente precoce – leva a tratamentos altamente eficazes. Mas infelizmente antes de todo esse aparato se desenvolver, houve momentos muito tristes para pessoas soropositivas. Pensando na importância da conscientização para a prevenção e diminuição do estigma, e aproveitando as celebrações do Dezembro Vermelho, listamos 5 produções que abordam o HIV.

De temáticas variadas, que vão de romances e pessoas da comunidade LGBTQIAP+, até crianças e relações de amizade. Também há reflexos históricos durante diferentes momentos da epidemia. No entanto, em todas essas produções que abordam o HIV são unânimes as nuances sociais dos personagens soropositivos, e suas consequências e desafios. 

Vale lembrar que, embora houve mudanças significativas no tratamento, o estigma ainda permanece. De acordo com o Índice de Estigma em relação às Pessoas Vivendo com HIV/AIDS – Brasil, 64,1% dos brasileiros soropositivos já sofreram algum tipo de preconceito por conta de sua condição sorológica. É nesse sentido que, além de estarmos atentos à prevenção e detecção do HIV, precisamos nos ater sobre os impactos do preconceito e da desinformação. 

Em meio à essa realidade, entidades das mais variadas vertentes participam da campanha Dezembro Vermelho. Alertando sobre os riscos da doença que ainda afeta milhões de pessoas no mundo, suas formas de prevenção e a eliminação do estigma. A campanha é um marco na agenda de eventos do ano, e se inicia já no dia 1º de Dezembro como o Dia Mundial de Combate à AIDS. A campanha também alerta para a conscientização contra outras doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis, hepatite, gonorreia, HPV, entre outras. 

Esse trabalho de prevenção é acompanhado de perto pela enfermeira e coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade UniBRAS Gama Gama, Isla Cherlla da Silva Brito. De acordo com ela, na população jovem da cidade de São Sebastião (DF), onde atua, há muitos casos de Sífilis. Assim, nas ações sociais realizadas com alunos do curso, o foco maior é na realização de testes rápidos de Sífilis, Hepatite e HIV. Em caso de resultado positivo, os pacientes são encaminhados para uma unidade básica de saúde específica. 

Para a docente, com o crescimento do contágio das doenças sexualmente transmissíveis, especialmente entre as pessoas mais jovens, investir em ações de prevenção e diagnósticos é fundamental. Como professora, ela também vê a participação dos alunos em eventos dessa natureza como de grande importância. 

“Inserir o aluno nessas campanhas é fundamental para dispersar o pensamento crítico e alinhar conteúdos ministrados em sala com a prática, e isso é maravilhoso”, argumenta. 

É importante saber que os testes para o HIV e outras ISTs são feitos de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). O sistema universal de saúde ainda disponibiliza várias informações de prevenção e ferramentas, como preservativos, profilaxia pré-exposição (PrEP), entre outros. Para conhecer mais a fundo seus direitos, basta clicar aqui

Abaixo você confere nosso compilado de 5 produções que abordam o HIV. 

  1. Filadélfia 

Imagine receber um diagnóstico positivo para HIV em pleno auge da epidemia, e ser demitido por isso. Esse é o cenário do protagonista Andrew, que é interpretado por Tom Hanks. Além da sorofobia, o filme também a aborda a homofobia, e foi um dos primeiros a abordar o HIV/AIDS no cinema americano, além de retratar um personagem homossexual de forma positiva. 

É a partir da demissão que Andrew busca um advogado (Denzel Washington) para representá-lo judicialmente. Ganhador de dois prêmios Oscar, de melhor ator e também melhor canção original – por Streets Of Philadelphia, de Bruce Springsteen – o filme evidencia o estigma vivido por soropositivos na sociedade americana da época. 

Ano: 1993

Origem: EUA

Diretor: Jonathan Deeme

Disponibilidade: HBO MAX

  1. Pose 

Seguindo a lista de produções de abordam o HIV, a série Pose é fortemente notável. Ambientada na cidade de Nova York entre as décadas de 80 e 90, a produção aborda a cena queer da cidade, o preconceito e as questões da comunidade LGBTQIAP+. Nesse recorte histórico, é impossível passar despercebida a epidemia de HIV/AIDS.

Com um roteiro muito bem desenvolvido, e grande sensibilidade, Pose mostra como a comunidade queer se protegia do conservadorismo, da pobreza e da negligência da época. Além disso, mostra de um modo especial como negros, hispânicos, menores e profissionais do sexo sofreram de modo específico esses acontecimentos. A cereja do bolo fica pela comovente atuação das atrizes trans Dominique Jackson e Michaela Jaé Rodriguez. 

Ano: 2018 – 2021

Origem: EUA

Criador: Ryan Murphy

Disponibilidade: Star+

  1. A cura

Nem só a comunidade LGBTQIAP+ foi afetada pela epidemia. É por isso que entre as produções que abordam o HIV também temos esse filme que retrata a vida de uma criança soropositiva, e as consequências em se carregar esse estigma ainda na infância. 

Criado em uma pequena cidade do interior dos EUA, Dexter é garoto soropositivo que se infectou após uma transfusão de sangue – que na época não tinha ainda os devidos controles sanitários. Erik, por outros lado, é filho de uma mãe que o negligencia constantemente. Juntos, os dois garotos vão construir uma amizade improvável numa época em que o preconceito era uma marca forte. 

Ao lerem em um jornal que um médico encontrou uma suposta cura para a AIDS, os amigos resolvem cortar o país em busca da solução prometida. O diferencial do filme é retratar como não só as minorias sexuais foram afetadas pelo HIV, mas diversos outros grupos, incluindo crianças. Com sensibilidade, a produção retrata a inocência e a perspectiva dos pequenos sobre uma temática tão complexa. 

Ano: 1995

Origem: EUA

Diretor: Peter Horton

Disponibilidade: Looke/Prime Video e YouTube

  1. Um Lugar para Annie

É 1986, e uma dependente química abandona um bebê de 3 meses – sua filha – diagnosticada com HIV. Ao ver essa situação, a enfermeira do local (Susan) percebe que, inevitavelmente, a criança será enviada a uma instituição sem muita assistência, somente aguardando o agravamento da doença, e resolve se responsabilizar pela pequena. 

Assumindo todos os riscos e tendo muito empenho, Susan consegue lidar bem com a situação, mas se vê desesperada quando a mãe biológica retorna e exige a guarda da criança. Expondo uma delicada situação, o drama aborda as negligenciadas relações de cuidado e amor em tempos difíceis, e a inabilidade do estado em cuidar de menores em situações similares. 

Ano: 1994

Origem: EUA

Diretor: John Gray

Disponibilidade: GooglePlay

  1. Holding the Man

No meio da epidemia, muitos amores foram desafiados pelo medo e o conservadorismo. É nesse sentido que Holding the Man – sem tradução oficial no Brasil – está entre as produções que abordam o HIV. Dois garotos que se apaixonam ainda na adolescência, em meio à uma comunidade católica conservadora na Austrália, e que desafiam esse cenário vivendo um romance proibido.

É destacável na produção como os marcos históricos são vividos pelos personagens sem deixar de detalhar seus aspectos profundamente pessoais. Também mostra como as nuances de uma sociedade preconceituosa impactaram profundamente a vida de pessoas que já estavam vivendo momentos realmente delicados. 

A história é ainda mais impactante porque é real. O longa foi inspirado em um memorando de Timothy Conigrave, ativista que conta sua história de amor ao longo das décadas de 70, 80 e 90. Publicado em 1995, o livro recebeu o Human Rights Award for Non-Ficton daquele ano. 

Ano: 2015

Origem: Austrália

Diretor: Neil Armfield

Disponibilidade: Netflix

(Texto: Bruno Correa – Assessoria de Comunicação Ecossistema BRAS Educacional)